sexta-feira, 4 de maio de 2012

Poderes absolutos, não obrigado

Ao ler este texto do Valupi lembrei-me, assim de repente e a título de exemplo, daquele juíz que, após uma diligência que envolvia um certo jogador de um certo clube de futebol, pediu bilhetes para um jogo desse clube ao advogado do jogador. Tenho uma enorme consideração pelo Dr. Rui Rangel, mas dizer-se que os juízes estão acima das críticas e que as suas decisões não podem ser comentadas é desvirturar os mais básicos princípios de uma democracia e de um estado de direito. Num regime democrático os órgãos de soberania não estão acima da crítica. Em estados absolutistas, autoritários, ditatoriais, sim, mas em democracia não. E os magistrados judiciais, que tanto apregoam as sete ventos, para o bem, que são um órgão de soberania e devem ser respeitados e olhados como tal, também não podem fugir, para o mal, à opinião do cidadão. Até porque as suas decisões são para o bem comum da sociedade, são dirigidas à população em geral. E são pessoas, humanos, com virtudes e defeitos. E também cometem erros, como o cumum dos mortais. Não podem, por isso, exigir que olhem para eles como deuses, perfeitos, incorruptíveis. E se podemos - devemos até - desconfiar dos políticos, governantes, presidentes, deputados, também podemos desconfiar dos magistrados. Não posso, portanto, deixar de criticar as declarações do Dr. Rui Rangel neste ponto concreto. Foi pena.

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