quinta-feira, 5 de maio de 2011

Erros e erros

Há erros e erros. Enquanto uns são facilmente ultrapassáveis, outros levam mais tempo a corrigir. E a História deveria servir de exemplo para os adeptos benfiquistas mais negativistas.

Após uma História brilhante, quer no plano nacional quer no internacional, surgiu um período de decadência. Entre um sistema mafioso e corrupto que minou as bases do futebol português e uma sucessão de erros próprios - dos que levam tempo a corrigir - como Damásio e Vale e Azevedo com as suas contratações suicidas, o Benfica foi-se abaixo e até os títulos nacionais passaram a ser pontuais. Mas com Luís Filipe Vieira (após a mudança com Vilarinho) as coisas mudaram. Em poucos anos, o Benfica voltou, no plano desportivo, à ribalta europeia e voltou a ganhar troféus. E não foi apenas no futebol. Basta atentar nas restantes modalidades para constatarmos que muita coisa mudou e para melhor. Muito melhor. E com Jorge Jesus voltámos a ter um Benfica competitivo, ganhador e mais perto do brilhante passado encarnado. E deixar Jesus sair, nesta altura, seria mais um erro, um dos que levam muito tempo a corrigir.


Após uma época fantástica, com títulos (campeonato e Taça da Liga) e um jogo bonito, a actual temporada prometia muito, sobretudo no plano europeu. Mas uma sucessão de erros - próprios e alheios (arbitragens) - impediu que se repetise este ano o brilhantismo do ano passado. Jesus reconheceu ainda há dias que vários erros foram cometidos logo no início da presente temporada e acredito sinceramente que saiba bem quais foram e que os irá corrigir, se é que já não corrigiu alguns...

Acima de tudo é preciso fortalecer a mentalidade do grupo e a capacidade emotiva para reagir a várias situações, desde a vitória à derrota. Este parece-me ser, neste momento, o principal defeito da equipe. No jogo de Braga, mais do que o cansaço físico ou a desinspiração, o factor mental teve um enorme peso. Pode o Benfica queixar-se da falta de sorte - que a teve - ou do estilo ultra defensivo do adversário - que irrita, ao estilo das equipes italianas (o chamado catenaccio) - mas a verdade é que a motivação e a vontade esteve apenas de um lado. Tirando Fábio Coentrão, que, ao longo da época, foi quem mais contrariou o destino do Benfica nesta temporada, toda a equipe falhou no aspecto emotivo.


Há erros e erros. Uns corrigem-se facilmente, outros não tanto. E deitar por terra tudo o que foi construído nos últimos anos, com enorme sucesso, seria mais uma acto suicida e altamente penalizador das aspirações benfiquistas. Apesar de este ano ter jogado pior (apesar da fabulosa sequência de vitórias seguidas, com exibições ao nível das da época passado) e ter sido mais inconsistente, o Benfica acaba por revalidar um título (Taça da Liga), foi mais longe na Taça de Portugal (meias-finais) e foi mais longe também na Liga Europa, chegando também à meia-final, algo que já não sucedia desde 1994. Há 17 anos portanto. E no campeonato, entre erros próprios e arbitragens criminosas, rapidamente perderam terreno para um Porto que, embalado por ajudas preciosas e escandalosas, surgiu este ano muito mais forte e com mais qualidade.

É altura, pois, de analisar cuidadamente o que tem de ser corrigido e agir em conformidade. Sem pressões e sem precipitações. E com cabeça fria. Os abutres já começaram a aparecer, sendo quase todos os eles os do costume. Por isso, é preciso calma e paciência. E força mental para ultrapassar tudo isto. A época foi menos boa que a anterior, mas não foi má. Basta olhar para o passado, sobretudo os últimos vinte anos, e rapidamente teremos de concluir que estamos muito melhor.


Uma última nota para algo inédito: duas equipes portuguesas numa final europeia. Tanto me faz que vença o Porto ou Braga. Claro que vai vencer o primeiro, pois as filiais nunca batem o pé às sedes, mas não deixa de ser positivo que estejam duas portuguesas. Apesar do que representam e do que praticam e defendem dentro e fora de campo, não deixa de ser positivo.

2 comentários:

Portas e Travessas.sa disse...

O VAzevedo era um vigarista que os socios elegeram, apesar de terem sido alertados

Ricardo Sardo disse...

Sem dúvida. O maior erro, do meu tempo, cometido pelo Benfica. De longe o maior.