domingo, 29 de maio de 2011

Promiscuidade

"A alimentar jornais a nossa Justiça não é lenta" (Estrela Serrano)

'De primeira' e 'de segunda'

Rio-me de cada vez que alguém, ligado à Justiça, afirma que a Justiça trata ricos e pobres por igual. Basta ouvir as sentenças nos tribunais e ler os jornais para constatarmos precisamente o contrário. Basta atentarmos para os exemplos das injúrias e difamações. Chamar 'parvo' a alguém por ser considerado injúria, mas chamar 'filho da p...' já não. Basta o visado ser, no primeiro caso, pobre e ser, no segundo, rico. A Justiça é cega, mas não é surda quando ouve os queixosos quanto aos costumes...

Magia, outra vez

Há 19 anos, o 'dream team' de Cruyff encantou Wembley. Ontem, o 'dream team' de Guardiola voltou a dislumbrar o mítico estádio londrino. Depois de espectacular encontro, duvido que alguém ainda tenha dúvidas sobre qual é a melhor equipe do Mundo. Mesmo para os mais cépticos, o Barcelona fez um jogo convincente. Brilhante na arte de jogar bom futebol e brioso na capacidade de trabalho. Futebol quase perfeito, que enche o olho ao adepto que vê o futebol como uma arte.

(foto)

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Extinção

Antigamente, uma pessoa lia os jornais para se informar. Actualmente, lê os jornais para se desinformar e ser enganado. O jornalismo português, está provado, extinguiu-se.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Que miséria!

1. Vai por aí uma enorme polémica em torno das claques partidárias, tudo por causa de uns quantos estrangeiros que andam na caravana do PS com bandeiras e apoia Sócrates nos comícios e arruadas. Não sei qual é o problema. Já que toda a gente considerou normal uma certa juventuda partidária oferecer shots e bebidas em troca da inscrição nesse partido, não sei qual é o problema em oferecer sandes e sumos. Sempre faz menos mal à saúde que o álcool, sobretudo aos jovens.


2. Sócrates disse que a culpa do actual estado das contas públicas deve-se à irresponsabilidade do PSD. Tem razão, mas o PS também tem uma quota parte da responsabilidade. Ou foi outro partido que governou Portugal nos últimos 6 anos?


3. Passos Coelho disse que nos últimos 16 anos o PSD apenas governou dois e meio. Por acaso foram três, mas já que gosta de fazer este tipo de contas podia muito bem dizer quantos anos governou o PSD desde que temos Democracia...

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Para não chorar

Com o estado da nossa política na miséria, mais vale rir com estas pérolas do que chorar.

Notícias de Palermo

Ontem foi um ex-árbitro argentino que confessou ter sido subornado para viciar resultados e falou sobre o sistema de corrupção no futebol argentino. Hoje soube-se que a FIFA vai mesmo avançar com uma investigação às acusações de subornos para que o Qatar organize o Mundial de Futebol em 2022. Por esse Mundo fora fala-se em corrupção no desporto e existem investigações judiciais. Por cá, na nossa Palermo, não se passa nada. Tudo na mesma.

Notícias de Palermo

Mais um troféu ganho com erros de arbitragem. Depois do jantar com o árbitro do Porto - Villarreal na meia-final da Liga Europa, que "refeição" terá tido o árbitro de ontem? Sim, perdoou uma expulsão e, antes disso, o auxiliar tinha permitido um golo (decisivo) em fora-de-jogo. Aliás, mesmo nos últimos instantes da partida, o Braga teve uma oportunidade num lance exactamente igual, mas o mesmo auxiliar que deixou Falcão marcar já não deixou o jogador do Braga rematar. Ou errou na primeira vez, ou na segunda, prejudicando sempre o mesmo: o Braga.

E, pronto, o Porto, como esperado, lá venceu a sucursal portista do Minho.



Nota: a SIC, que até costuma ter tantas dúvudas neste tipo de lances, ontem foi peremptória: o golo é válido. Pois, sucede que a Lei de Jogo é clara e os jornalistas da estação de Carnaxide, fretes à parte, deveriam informar os telespectadores com rigor e isenção. A Lei 11 diz o avançado está em fora-de-jogo quando está mais perto da baliza adversária que o penúltimo defesa. E analisa-se esta situação olhando para qualquer parte do corpo do avançado e do defesa, menos os braços. Ora, como as imagens mostram, a cabeça de Falcão estava mais perto da baliza do que os pés do defesa do Braga. Apesar de ser por muito pouco, tecnicamente está em fora-de-jogo.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Começar pelo fim

Quando era miúdo adorava labirintos, daqueles que vêm nas revistas. Mas tinha um péssimo hábito: era batoteiro e preguiçoso. Perante maiores dificuldades, começava pelo fim e chegava ao ponto de partida.


Sucede que quando vejo determinadas decisões judiciais fico com a sensação de que quem decide começa pelo fim, pela decisão e, só então, é que começa a justificar essa mesma decisão e a analisar a prova produzida (ou falta dela), seleccionando a que convém ao suporte da decisão já tomada. Se por batota ou por preguiça não sei, mas uma das duas será.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Eu assino por baixo

Discordo de muitas das opiniões de Daniel Oliveira e da sua orientação política. Mas o que aqui escreve, para além de ser bem real, é demonstrativo da coragem que tem. Porque quem escreve as verdades sobre o Bokassa da Madeira - e estamos a falar de uma minoria - tem de ter coragem para o fazer apesar da censura do poder jardinista aliado a uma magistratura judicial conivente e sem coragem. Este texto assino por baixo.

domingo, 15 de maio de 2011

A Jurisprudência da "coutada do macho ibérico"

Este Acórdão, já comentado em quase todo o lado, tem levantado inúmeras críticas de vários quadrantes. E, de facto, levanta várias questões, não só jurídicas mas sociais e comportamentais. Uma das críticas que muitos fazem à Justiça, mais concretamente a quem decide, é que os magistrados estão, na larga maioria, "desligados" do Mundo real, vivem num outro Mundo, desconhecendo como vive e pensa o "homem comum". E as sentenças traduzem esse desconhecimento. E sem bom senso, a falta de senso comum torna-se visível, mesmo aos olhos do leigo. E é a isto que se refere Fernanda Palma, em artigo de opinião no Correio da Manhã (já em 2008 tinha escrito sobre esta matéria) que, numa só frase - a última -, acerta no principal problema que esta Jurisprudência, já denominada como a "da coutada do macho ibérico"*, cria: uma interpretação restrictiva leva a uma desvalorização do crime. E com magistrados que pensam assim não há FMI que nos salve.

* O famoso Acórdão está muito bem sintetizado aqui.

sábado, 14 de maio de 2011

Coisas recebidas por e-mail (2)



Breve História da Itália...

Coisas recebidas por e-mail (1)




O primeiro volume da obra "Como compreender a Mulher" é hoje apresentado na Feira do Livro de Lisboa...

Portugal, ano de 1450

Afinal foi este ano, em pleno século XXI.

Adenda: para uma viagem no tempo, consulte o Acórdão.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Votar em "pentelhos"

Uns manipulam gráficos, outros inventam cartas inexistentes, outros confessam andar "acelerados" (o que justifica deixarem de ter noção do que dizem), a campanha eleitoral tem sido uma miséria intelectual, para além de mostrar uma nulidade política por parte dos vários candidatos. Com um governo miserável e em completa decadência, quer de credibilidade quer de competência e qualidade, as pessoas viram-se naturalmente para as alternativas. O problema é quando estas não existem na realidade. Se as alternativas não se entendem entre si, como podemos nós esperar que se entendam se forem governo? Se não sabem o que querem e defendem para o país, como poderemos acreditar nas suas supostas propostas?

A 5 de Junho teremos de votar, mas o problema é que nenhum dos candidatos merece , por um pouco que seja, o nosso voto. Triste país o nosso, que deixa as pessoas a pensar se não será preferível mesmo que o FMI fique por cá a governar-nos...

Notícias de Palermo

Entre suspeitas de espionagem desportiva e a confirmação daquilo que já toda a gente sabe sobre "fruta, café e chocolatinhos", a impunidade perdura. Como há tempos dizia a amigos, isto já não é uma questão desportiva, mas política e social. Quando a Justiça funciona mal e os seus actores são suspeitos de se desviarem dos bons caminhos, é a própria Democracia e o Estado de Direito que ficam fragilizados, em risco de ruirem. Quando temos procuradores responsáveis por inquéritos que dormem em casa de suspeitos visados nesses mesmos inquéritos, juízes que pedem bilhetes para verem jogar uma das partes num processo em que são titulares ou suspeitos de corromperem o futebol a mostrarem publicamente que acreditam que magistrados amigos farão favores, então já não é apenas o futebol e o desporto que estão em causa.

Disto o FMI não nos safa. Para nos livrarmos desta podridão só há uma solução: unirmo-nos em torno dos valores éticos e lutar com todas as nossas forças para correr contra quem conspurca a nossa Democracia e quem suja a nossa sociedade. Porque se queremos um país melhor, então temos que lutar por ele.


quarta-feira, 11 de maio de 2011

Tanto tiro no pé ou é incompetência ou masoquismo

A pouco mais de três semanas das eleições que decidirão o próximo governo de Portugal, o principal partido da oposição e favorito a vencer as eleições continua sem programa de governo. Isto é, continua sem saber o que fazer se for governo. A pouco mais de três semanas das decisão, repito.

Se dúvidas houvesse sobre a falta de competência para ser primeiro-ministro, Passos Coelho tratou, ontem, de as tirar. A trapalhada sobre a taxa intermédia do IVA, que garante não irá extinguir, contradizendo Catroga que defende o seu fim, é prova cabal da indefinição e incerteza que reina no partido. Simplesmente não sabem o que fazer se forem eleitos.

Há dias tivemos a confissão de Miguel Relvas que, à saída de um tribunal onde tinha sido ouvido como testemunha, disse que ficou abismado com os problemas da Justiça. Ou seja, Relvas, que, caso o PSD vença, será Ministro, não tem a mínima noção de como funciona a Justiça portuguesa. Tivemos ainda ontem uma gaffe de Passos Coelho, mais uma vez com o IVA, confundindo-o com o IRS (as chamadas "taxas marginais", episódio que também serviu para demonstrar que os jornalistas, mesmos os que se consideram especialistas em economia, não são competentes, pois nenhum percebeu a gaffe e o questionou nesse sentido).

Se no início era natural a ilusão de querer ver Passos Coelho como uma verdadeira alternativa a Sócrates - e como eu queria que fosse, para votar nele - hoje será cegueira ainda acreditar nele. Se queremos alguém competente no governo - e eu quero - então não poderemos votar nesta gente.

Uma questão de seriedade (3)

Mais um dia, mais uma notícia fabricada, já desmentida. E desta vez é de um reincidente, o Record, que insiste em lançar mentiras que, posteriormente, se comprovam ser falsas. Não há uma entidade reguladora da Comunicação Social? Não há uma Comissão da Carteira de Jornalista, com poder disciplinar para apreciar questões éticas e deontológicas? Anda tudo a banhos?

terça-feira, 10 de maio de 2011

Uma questão de seriedade (2)

Mais um exemplo, no mesmo dia deste, de como o problema maior da Comunicação Social portuguesa é mesmo a (falta de) seriedade.

Uma questão de seriedade

Há dois dias, Estrela Serrano tocava num ponto chave do actual jornalismo nacional: a falta de credibilidade das fontes. Ora, passados apenas dois dias temos mais uma exemplo de falta de credibilidade. O jornal i, de hoje, assegurava que Catroga tinha sido convidado por Passos Coelho para Ministro das Finanças - caso o PSD venha a governar - e que tinha aceite o convite. Horas depois, o próprio Catroga desmente, garantindo que nunca foi convidado.

Das duas uma, ou Catroga mente ou a fonte do i mente. No primeiro caso, o jornal terá de questionar Catroga, no segundo terá de pedir desculpa aos leitores.

Claro que não haverá questões a Catroga nem o jornal i pedirá desculpa. Ficará tudo em águas de bacalhau, como de costume.

Isto já não é uma questão de credibilidade da imprensa, que há muito está enterrada, mas já uma questão de seriedade. E ainda admiram-se de se venderem cada vez menos jornais em Portugal...

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Misto de emoções

Tenho pensado sobre a morte de Bin Laden e querido escrever algumas linhas sobre o assunto, mas tem-me faltado tempo. Entretanto, a Fernanda Câncio acabou por escrever o que basicamente penso sobre a sua execução: um misto de emoções, entre o agrado pela sua morte e a tristeza pela maneira como morreu, executado com um tiro na cabeça, à margem dos mais básicos direitos humanos.

Castigo

Ainda há dois dias escrevia que, dia 5 de Junho, veríamos quem ficaria a perder com o chumbo do PEC IV e a vinda do FMI. Hoje foi divulgada mais uma sondagem que dá o PS à frente do PSD. E foi feita antes de conhecido o acordo entre governo e troika. Ou seja, as próximas serão certamente ainda mais penalizadoras para Passos Coelho, pois, tal como expliquei anteontem, o acordo terá sido a certidão de óbito do presidente social-democrata.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Erros e erros

Há erros e erros. Enquanto uns são facilmente ultrapassáveis, outros levam mais tempo a corrigir. E a História deveria servir de exemplo para os adeptos benfiquistas mais negativistas.

Após uma História brilhante, quer no plano nacional quer no internacional, surgiu um período de decadência. Entre um sistema mafioso e corrupto que minou as bases do futebol português e uma sucessão de erros próprios - dos que levam tempo a corrigir - como Damásio e Vale e Azevedo com as suas contratações suicidas, o Benfica foi-se abaixo e até os títulos nacionais passaram a ser pontuais. Mas com Luís Filipe Vieira (após a mudança com Vilarinho) as coisas mudaram. Em poucos anos, o Benfica voltou, no plano desportivo, à ribalta europeia e voltou a ganhar troféus. E não foi apenas no futebol. Basta atentar nas restantes modalidades para constatarmos que muita coisa mudou e para melhor. Muito melhor. E com Jorge Jesus voltámos a ter um Benfica competitivo, ganhador e mais perto do brilhante passado encarnado. E deixar Jesus sair, nesta altura, seria mais um erro, um dos que levam muito tempo a corrigir.


Após uma época fantástica, com títulos (campeonato e Taça da Liga) e um jogo bonito, a actual temporada prometia muito, sobretudo no plano europeu. Mas uma sucessão de erros - próprios e alheios (arbitragens) - impediu que se repetise este ano o brilhantismo do ano passado. Jesus reconheceu ainda há dias que vários erros foram cometidos logo no início da presente temporada e acredito sinceramente que saiba bem quais foram e que os irá corrigir, se é que já não corrigiu alguns...

Acima de tudo é preciso fortalecer a mentalidade do grupo e a capacidade emotiva para reagir a várias situações, desde a vitória à derrota. Este parece-me ser, neste momento, o principal defeito da equipe. No jogo de Braga, mais do que o cansaço físico ou a desinspiração, o factor mental teve um enorme peso. Pode o Benfica queixar-se da falta de sorte - que a teve - ou do estilo ultra defensivo do adversário - que irrita, ao estilo das equipes italianas (o chamado catenaccio) - mas a verdade é que a motivação e a vontade esteve apenas de um lado. Tirando Fábio Coentrão, que, ao longo da época, foi quem mais contrariou o destino do Benfica nesta temporada, toda a equipe falhou no aspecto emotivo.


Há erros e erros. Uns corrigem-se facilmente, outros não tanto. E deitar por terra tudo o que foi construído nos últimos anos, com enorme sucesso, seria mais uma acto suicida e altamente penalizador das aspirações benfiquistas. Apesar de este ano ter jogado pior (apesar da fabulosa sequência de vitórias seguidas, com exibições ao nível das da época passado) e ter sido mais inconsistente, o Benfica acaba por revalidar um título (Taça da Liga), foi mais longe na Taça de Portugal (meias-finais) e foi mais longe também na Liga Europa, chegando também à meia-final, algo que já não sucedia desde 1994. Há 17 anos portanto. E no campeonato, entre erros próprios e arbitragens criminosas, rapidamente perderam terreno para um Porto que, embalado por ajudas preciosas e escandalosas, surgiu este ano muito mais forte e com mais qualidade.

É altura, pois, de analisar cuidadamente o que tem de ser corrigido e agir em conformidade. Sem pressões e sem precipitações. E com cabeça fria. Os abutres já começaram a aparecer, sendo quase todos os eles os do costume. Por isso, é preciso calma e paciência. E força mental para ultrapassar tudo isto. A época foi menos boa que a anterior, mas não foi má. Basta olhar para o passado, sobretudo os últimos vinte anos, e rapidamente teremos de concluir que estamos muito melhor.


Uma última nota para algo inédito: duas equipes portuguesas numa final europeia. Tanto me faz que vença o Porto ou Braga. Claro que vai vencer o primeiro, pois as filiais nunca batem o pé às sedes, mas não deixa de ser positivo que estejam duas portuguesas. Apesar do que representam e do que praticam e defendem dentro e fora de campo, não deixa de ser positivo.

PEC IV revisto (2)

Na mesma linha do que ontem aqui escrevi sobre o acordo entre governo e troika, Poul Thomson, chefe da troika, desabafa que tudo isto não serviu para nada, pois as medidas agora acordadas já tinham sido aplicadas pelo governo ou por si propostas no PEC IV, chumbado no Parlamento (via CC).

Mais palavras para quê?...

Publicidade escondida?

Há algum tempo que existe, mas, com o passar do tempo, cada vez fico mais convencido de que este "agregador da advocacia" não passa de uma forma encapotada de fazer publicidade às grandes sociedades e aos advogados destas. Diariamente recebo a newsletter no e-mail e quase todas as notícias referentes à advocacia prendem-se com os clientes e com os negócios das grandes sociedades e todas as opiniões são de advogados que integram as grandes sociedades. Os "pequenos advogados", que não integram sociedades, não têm voz neste "agregador", que agrega apenas uma elite da advocacia. Aliás, basta ler as "notícias", como por exemplo esta, de hoje, para percebermos que não poupam nos elogios às sociedades mencionadas e aos advogados que as integram...

Como é sabido pela generalidade dos advogados, a profissão está a atravessar, como todos as outras diga-se, uma crise. Sem dinheiro para as custas e encargos com os honorários e com um apoio judiciário acessível apenas aos muito pobres e aos muito ricos, a maioria dos portugueses desiste de avançar para tribunal. E menos clientes significa menos dinheiro. E é sabido que até as grandes sociedades estão a passar por algums dificuldades e têm alargado o âmbito da sua actividade, abrangendo outros serviços, outrora ignorados. E, atendendo a esta nova realidade, este "agregador" dá cá um jeitaço, especialmente porque a publicidade aos advogados não é permitida em Portugal...

quarta-feira, 4 de maio de 2011

PEC IV revisto

Estava ansioso por conhecer as medidas estabalecidas no acordo entre governo e FMI, para saber, em concreto, como me irão afectar. Mas, ao ouvir Sócrates, pensei por momentos que estavam a transmitir um comício do PS, em plena campanha eleitoral. Mas afinal tratava-se de uma declaração ao País, em que Sócrates, supostamente, anunciava as medidas. Mas fiquei sem saber, em concreto, quais são as tais medidas. Apenas ouvi 'não vamos fazer assim' e 'não vamos fazer assado'. Só depois, na imprensa online e nos blogues, fiquei a saber mais. As medidas são, no essencial, quase as mesmas já aplicadas pelo governo (como os cortes nos salários públicos acima dos 1500 euros) ou previstas no PEC IV, chumbado no Parlamento. Ou seja, tanta coisa (chumbo o PEC, demissão do governo, vinda do FMI) para nada. O PEC IV lá irá ser aplicado...


Mas, apesar do ar ausente de Teixeira dos Santos e do comícío... perdão... da declaração ao País de Sócrates, este acordo poderá ter sido, muito provavelmente, a certidão de óbito de Passos Coelho, senão vejamos.

Chumbou o PEC IV, alegando ser demasiado gravoso para os portugueses, mas, no debate que antecedeu o seu chumbo, Ferreira Leite, em nome do PSD, dizia que a proposta de PEC era boa mas deveria ser aplicado por outros. Ora aí está, defendida e aplicada por outros (FMI).

Dias depois, Passos Coelho, no Wall Street Journal, escrevia que, afinal de contas, o PEC deveria ter ido ainda mais longe, prevendo ainda mais cortes do que os previstos do documento apresentado pelo governo. Afinal, não é necessário, como ontem se viu.

Depois foi a tanga da verdade dos números, agravada pelas não sei quantas cartas de Catroga a pedir respostas, quase todas já conhecidas e acessíveis na net. Que isto ainda estava pior do que o governo dizia e que 80 milhões não chegavam. Alguns jornais, ao abrigo de enormes fretes, falavam em 100 ou mais milhões, outros garantiam cortes aqui e acolá (como este), que o FMI ficaria por terras lusas por dez anos, ou mais... Afinal, 78 milhões de euros chegam e três anos (dois e meio, já que é até 2013) são suficientes para colocar isto na ordem. Afinal, os números do governo eram verdadeiros...

E ainda temos as medidas em concreto. Ouvimos, nas últimas semanas, dirigentes ou gente ligada ao PSD defender medidas mais gravosas, como cortes nos salários, redução do salário mínimo, fim dos apoios sociais (subsídio de desemprego, por exemplo) em troca de um cartão de débito duvidoso. Como irão agora, conhecido o acordo, continuar a defender tais ideias? Como irá o PSD justificar as suas propostas (privatização de sectores vitais do Estado e tradicionalmente públicos, como Saúde, Educação e Segurança Social) sem a desculpa de ser necessário e ser imposto pelas instâncias externas, como o FMI? Como irá o PSD suportar o seu posicionamento liberal neste mês de campanha, nomeadamente nos debates televisivos, com as sondagens a pressionar Passos Coelho, que está entre a espada e a parede (a tal ameaça de Marco António, "eleições no país ou no partido"...)? Desconfio que o novo hino do PSD acaba por fazer sentido...


Aquando do chumbo do PEC IV, que desencadeou a queda do governo e a vinda do FMI, o CDS-PP foi o único partido a apresentar um PEC alternativo ao do governo. Bom ou mau, havia um alternativo. Foi o único a ter uma atitude séria, com os resultados (sondagens) a confirmarem isso mesmo. Os restantes partidos limitaram-se a ser do contra, a botar abaixo, a dizer mal sem apresentar soluções. O PSD, à cabeça, não podia ter sido mais irresponsável. Apesar de tudo (e com 'tudo' refiro-me a Sócrates e ao seu desgoverno), tenho que dar, nesta matéria, inteira razão ao governo. E ontem confirmou-se isso mesmo. O acordo é, basicamente, o PEC IV revisto em alguns pontos e com o aval de FMI, União Europeia e Banco Central Europeu (estes dois já tinham aprovado o PEC IV). Afinal, Teixeira dos Santos é um Ministro das Finanças competente, que sobrevive, desta forma, aos ataques pessoais (quase toda a gente questionou a sua competência e seriedade) e aos números. E o PSD, que nem sequer foi tido ou achado nesta discussão com a troika, sai mal na figura. E desconfio que as próximas sondagens confirmarão esta opinião. Veremos.


Andámos quase dois meses nisto: chumbo do PEC IV, demissão do governo, eleições legislativas antecipadas (com as inerentes consequências negativas), vinda do FMI, degradação da imagem de Portugal nos estrangeiro (com as inerentes consequências negativas), tudo isto quase para nada. E dia 5 de Junho veremos quem ficará a perder com tudo isto...

Notícias de Palermo

Entre jantares com árbitros e pedidos de favores a amigos, continua tudo na mesma.

O futebol venceu... outra vez

Há uma semana escrevi isto, após a vitória do Barcelona em Madrid. E muito do que escrevi então poderia escrever agora. Diarra voltou a terminar o encontro sem ser expulso. Adebayor a mesma coisa. Xabi Alonso e Ricardo Carvalho também terminaram, não se percebendo como é que foi possível o árbitro belga não os expulsar, tantas as faltas para 'amarelo'... Mas mais grave é o caso do francês Lassana Diarra. Se há uma semana cometeu sete faltas e terminou o encontro sem um único cartão, ontem cometeu oito e viu apenas um amarelo. E mais do que a quantidade é a qualidade delas. Diarra não sabe construir uma única jogada de ataque, apenas destruir jogo. Usando jargão futebolístico, Diarra está lá para distribuir fruta, dar cacetada e paulada nos adversários. Se, por exemplo, Pepe é viril e agressivo, Diarra é um jogador violento e deveria ser banido, pois a única coisa que sabe fazer em campo é colocar em risco a carreira dos adversários.

Diz o ditado que quem não chora não mama e, depois de tanto chorar, Mourinho acabou por mamar. Lá terminou o encontro com onze jogadores, de tanto pressionar as arbitragens. É verdade que o golo de Higuaín parece-me mal anulado. Tal como me pareceu existir, já no fim, uma falta sobre Ronaldo à entrada da área, que daria um livre perigosíssimo a favor do Real, mas as quatro expulsões evidentes perdoadas aos merengues faz com que estes não tenham legitimidade para se queixarem.

Para a História fica mais uma final para uma equipe que não sabe jogar mal e dá espectáculo (se não fosse Casillas, o Real teria ido para o intervalo a perder por 3 ou 4) e que é favorita a vencer o troféu, que, caso ganhe, será o terceiro em cinco anos. E, pelo futebol que praticam, merecem-no.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Má gestão

Na semana passada foi Castanheira Neves que apresentou queixa-crime contra Sócrates por causa de governar mal. Este fim-de-semana foi Eduardo Catroga a dizer que o Governo deveria responder em Tribunal pelas suas decisões executivas.
Como escrevi sobre a queixa de Castanheira Neves, esta ideia é uma enorme aberração, quer política quer juridicamente. Como aqui bem lembrado, o julgamento de questões políticas é anti-democrático, pois viola o princípio da separação de poderes. Mas não é de estranhar que Catroga defenda isto, pois faz parte do Cavaquismo, uma doutrina política muito pouco democrática. Ferreira Leite defendeu a suspensão da Democracia por períodos não inferiores a seis meses, Dias Loureiro, enquanto Ministro do Cavaquismo, mandava as polícias "malhar" em tudo o que se mexesse, censurando qualquer manifestação - por muito pacífica que fosse - e o próprio Cavaco, que se confessou "integrado" no regime Salazarista, nunca gostou de cravos na lapela e do feriado do 25 de Abril.
Mas voltando ao julgamento de políticos por actos de governação, se admitíssemos esta ideia, então teríamos, da mesma forma, de levar muitos políticos a Tribunal, incluindo o próprio Catroga. Ou Ferreira Leite, por causa do negócio ruinoso com o Citigroup. Ou Paulo Portas, por causa do extraordinário negócio dos submarinos, que não servem para nada.

Temos, como há muito defendo, muitos gestores incompetentes e sem qualidade, como este exemplo. Ou este. Ou ainda este. A esmagadora maioria dos nossos empresários prefere poupar na mão de obra e na sua formação, na esperança de aumentar os lucros, ignorando que mão de obra menos qualificada significa menor qualidade do produto ou do serviço. É como uma equipe de futebol querer vencer troféus com jogadores oriundos das divisões inferiores. E com gestores destes - e com esta mentalidade - nunca iremos a lado nenhum, com ou sem ajuda externa. E isto é que deveria ir a "tribunal": o tribunal da opinião pública.