sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Lisura exemplar

O Miguel Abrantes, aqui e aqui, e o Daniel Oliveira explicam a lisura exemplar do Sr. Silva. Vale a pena lê-los, sobretudo quem parece padecer de Alzheimer.

Está quase









Debate

Confesso que as próximas eleições presidenciais não me entusiasmam absolutamente nada. Até ontem, ainda não tinha assistido a nenhum dos debates entre os candidatos. E, mesmo entre os dois principais concorrentes, vi apenas um pouco. Mas foi o suficiente para confirmar o que já tinha percebido há muito: Cavaco foi um erro de casting do eleitorado e Alegre poderia, caso fosse (ou seja) eleito, outro erro de casting dos portugueses. Nem um nem outro mostraram capacidade e competência para exercer o mais alto cargo da Nação e não vejo ninguém, da lista que concorre em Janeiro, com os mínimos aceitáveis. Em Janeiro lá irei votar, mas ainda não sei como. Li algures que os votos brancos e nulos não são contabilizados e, confesso, desconheço a Lei eleitoral nesta matéria. Ora, como faço questão de votar sempre e nenhum dos candidatos me agrada, terei que perder alguns minutos da minha vida para decidir como votarei. Sei que continuaremos na mesma, com um presidente que não é de todos os portugueses, mas apenas dos amigos, que desrespeita a Constituição e viola o juramento que fez, que é capaz de espetar uma faca no respeito institucional pelo Governo, como fez com o Belémgate, enfim, um presidente incapaz para o cargo. E assim vai Portugal, com os quatro órgãos de soberania em profunda crise.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Perder o respeito

Os estudos de opinião da Eurosondagem há muito que mostram o descontentamento dos portugueses com a Justiça e, concretamente, com as magistraturas. Este sentimento é, cada vez mais, comum entre nós. Sei, por experiência própria, que a maioria não é assim, mas como escolheram o Dr. António Martins e o Dr. João Palma como representantes sindicais das classes, os magistrados justos terão que pagar pelos colegas pecadores.

Por falar em pecadores, dois exemplos de pecados judiciais:

a) Um juiz, que legalmente terá de decidir se 'sim' ou 'não', decide 'nim'. Uma das partes recorre e o Tribunal superior dá razão e manda o juiz decidir 'sim' ou 'não'. O juiz volta a decidir 'nim'. A parte que recorreu antes terá de recorrer novamente, pagando custas judicias (e honorários) consideráveis. Será que este juiz também é avaliado pelos pares com 'bom' ou 'muito bom'?

b) Num certo processo, uma das partes requer ao juiz que tome certas providências e ordene a realização de uma determinada diligência, de acordo com o que a Lei manda. O juiz, passados alguns meses sem nada fazer ou dizer, condena essa parte em multa por, no prazo legal, não ter feito o que a Lei ordena que faça. A parte deduz um pedido de revogação da multa, pois fez precisamente o que a Lei manda fazer naqueles casos, sendo que é o juiz que está em falta. Volvidos mais alguns meses, ainda nada fez ou disse. Será que este juiz também é avaliado pelos pares com 'bom' ou 'muito bom'?

Moral

Mais uma prova de como o Sr. Silva é, do ponto vista moral e ético, irrepreensível. Só falta voltar a dar o governo a este senhor para veremos o país a enriquecer e a desenvolver-se. Como entre 1985 e 2005...

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Para divulgar

Descobri pela Maria João Pires e pelo Tomás Vasques esta história da Jonas. Vale a pena ler os sete textos que explicam, detalhadamente, o procedimento da empresa em causa. Vale a pena perceber como as empresas portuguesas actuam no mercado e em relação aos clientes. Vale a pena perceber o porquê deste país não avançar, evoluir, desenvolver-se. Vale a pena ler mais um exemplo de como a culpa do estado do país é, em parte, dos nossos gestores e empresários, gananciosos e sem visão. Vale a pena ler para não nos esquecermos do nome da empresa, para não lá entrarmos mais. Porque só os boicotes ou uma Justiça eficaz conseguirão obrigar este tipo de empresas a actuarem correctamente. E como a Justiça está como está...

Um homem de palavra

O Sr. Silva, confrontado com o magnífico lucro das acções da SLN, diz que "não alimenta campanhas sujas".
Sim, leram bem: o protagonista do Belémgate diz que não alimenta campanhas sujas. Não as alimenta, apenas as lança, perceberam?...

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

A um dia do Natal...



(Coldplay, "Christmas lights")

Mistérios da Justiça portuguesa

Enquanto em certos processos, documentos que lá deveriam constar desaparecem misteriosamente, noutros já é o inverso, documentos que já não deveriam lá estar, ressurgem misteriosamente. Coisas da Justiça portuguesa...

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Hipocrisia

Se há coisas que detesto, a hipocrisia é uma delas. Ao ler que Passos Coelho não tem dinheiro para dar prendas a todos os filhos quando compra fatos a 3 mil euros cada ou almoça em restaurante em que a conta ascende a pelo menos 50 euros por pessoa, ou ao ler que o casal presidencial também não tem dinheiro para dar prendas a todos os netos quando o Sr. Silva aufere um ordenado e duas reformas (e só não recebe uma terceira porque a Lei não o permite, tendo prescindido da de valor mais baixo) e lucrou 140 mil euros em acções da SLN/BPN, ou ao ouvir Sócrates a falar num país melhor quando tem um conjunto de ministros que não dão uma para a caixa, ou ao ouvir um deputado que aufere cerca de 5 mil euros mensais em ordenado e subsídios dizer que não tem dinheiro para jantar, pergunto com que lata esta gente diz isto de ânimo leve e como é que não é questionada - confrontada! - por ninguém, nomeadamente jornalistas. Pergunto quão melhor estaríamos sem esta gente a governar-nos.

(na foto, Cavaco no casamento de dois sem-abrigo)

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Fair Game

Por vezes, mais parece um documentário, mas é um filme. Um filme que conta a história - verídica - de Valerie Plame, ex-agente da CIA cuja identidade foi divulgada, como retaliação, após o seu marido, Joseph Wilson, ter escrito este artigo de opinião no New York Times a denunciar a manipulação de informação promovida pela Administração Bush de modo a justificar o ataque militar ao Iraque. Sabemos hoje que o ataque militar, para além de ilegal, foi injustificado. Ou melhor, foi justificado por interesses financeiros: a empresa Halliburton, detida pelo então vice-presidente Dick Cheney, lucrou biliões de dólares com a guerra no Iraque, através de contratos obtidos sem concurso público nas áreas da construção e da exploração do petróleo. Aliás, o Iraque ainda vive hoje, sete anos após a invasão, em conflito, exceptuando a chamada Green Zone, a zona dos poços de petróleo. Já Bush pai foi a correr a salvar os poços de petróleo do Kuwait, quando Saddam atacou o vizinho do lado. Foi por interesse financeiro e não por causa das armas de destruição maciça - um pretexto atirada na altura para inglês (e o Barroso) ver - ou para ajudar os coitados dos iraquianos, que viviam sob opressão (se assim fosse, os EUA teria declarado guerra a muitos outros países...) Fair Game, o filme que nos relembra um dos maiores crimes da Humanidade, serve como prova de que não existe Justiça no Mundo, pois, se existisse, Bush teria sido julgado no TPI por crimes contra a humanidade e estaria, agora, a cumprir pena de prisão. Mas não é esse Mundo que temos...

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Factos (2)

Há duas semanas, escrevi que, sem erros da arbitragem, o Benfica seria líder do campeonato, à frente do Porto portanto. Escrevi isto logo após o Porto ser claramente beneficiado pela arbitragem e hoje volto a escrever o mesmo, um dia após mais uma enorme contribuição dos homens do apito. Não há volta a dar-lhe, factos são factos e contra eles não há argumentos. O Benfica, apesar de jogar mal em alguns jogos e de todos os seus problemas (uns reais, outros inventados pelos órgãos de comunicação social, quase todos ou controlados ou receosos dos seguidores do Guarda Abel e dos "jantares" servidos pelos Super Dragões no final dos jogos), estaria à frente da equipe maravilha, que não perde há sei lá quantos jogos e que joga como o Barcelona. Sem ajudas, estariam atrás do campeão e não estariam, certamente, tão moralizados. Os factos estão aí para quem os queira ver. Mas os não-benfiquistas preferem fechar os olhos e assobiar para o lado, com a complacência de magistrados e polícias (alguns envolvidos, como as escutas o demonstram). Quando falamos da falência do país, aí está mais uma prova da espécie de falência que nos abala: a dos valores e da ética. E, claro, da coragem para combater isto tudo. Onde andam os jornalistas, tão corajosos para alguns políticos, que nada investigam, escrevem, perguntam sobre isto? Terão medo?

sábado, 18 de dezembro de 2010

Juras

É engraçado ouvir o Sr. Silva falar em transparência e de jurar a Constituição, como o fez no debate com Fernando Nobre, quando foi ele que esteve por detrás do Belémgate, quando fala dos Açores mas cala-se sobre a Madeira e do que lá se passa com a liberdade de expressão e de imprensa, quando fala das escolas privadas mas não dos resultados do PISA em relação às públicas, quando fala nas contas públicas mas não fala do BPN e dos negócios chorudos de alguns amigos do partido, quando fala da probreza mas foi dos governantes que mais contribuiu para que haja pobres em Portugal, quando fala em direitos mas oprimia enquanto Primeiro-Ministro as manifestações com cargas policiais ou sentia-se "integrado" no regime salazarista há quarenta anos. Palavras leva-as o vento e os actos é que contam. E pelos actos estamos esclarecidos quanto à transparência e às juras de Cavaco...

Previsível

É aqui levantada a questão do insucesso do fim da distinção entre corrupção para acto lícito e corrupção para acto ilícito. Ora, tal como aqui e aqui escrevi, parece-me incorrecto o fim desta distinção entre dois crimes diferentes, duas realidades distintas. Os resultados, a que o A. R. faz referência, estão aí para o provar...

A uma semana do Natal...



... Rod Stewart, "These foolish things".

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Jornalismo? Não. Crespismo.

Isto* não é jornalismo. Podem chamar-lhe de muita coisa, mas jornalismo, na definição que encontramos em qualquer dicionário, não é com certeza.
O que vale é que Mário Crespo já tem tão pouca credibilidade e audiências que nem a ERC e a Comissão da Carteira Profissional de Jornalista (entidade que, para quem não sabe, exerce o poder disciplinar sobre os jornalistas, nomeadamente por violação dos deveres deontológicos, como o rigor e a isenção) vê o programa.




* Via CC

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Enorme coincidência

Acredito na sorte e no azar. Em tudo na vida. Tal como acredito em coincidências. Mas que isto é uma enorme coincidência, lá isso é...

Confusão entre o ilegal e o legal

Muita gente tem confundido - uns intencionalmente, outros inconscientemente - os voos para Guantanamo e os voos de Guantanamo, ou de repatriamento de prisioneiros. Existe uma enorme diferença entre eles, pois enquanto os primeiros são (foram) ilegais, os segundos, verificados determinados requisitos, são legais. Pode tratar-se de um pormenor, mas, por muito pequeno que seja, faz uma enorme diferença.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Coisas que não entendo

Há coisas que não entendo e uma delas é esta das escolas privadas exigirem do governo a manutenção dos contratos de cooperação do Estado e os estabelecimento de ensino privados. E não entendo porque, certamente por desconhecimento (pelo qual desde já peço desculpa ao leitor), não vejo como é que existe a "igualdade" de acesso aos alunos. Uma coisa é uma escola (particular) receber alunos sem meios económicos, quando não exista um estabelecimento público disponível para o acolher (não haver uma pública nas redondezas ou haver mas ter as vagas preenchidas) e o Estado pagar a diferença para a propina, outra coisa bem diferente é a escola que apenas admite alunos que possam pagar as propinas, rejeitando os restantes. Neste caso, para que serve afinal o apoio financeiro do Estado? As propinas não chegam? É que esta situação acaba, isso sim, por criar o inverso da igualdade, pois cria uma diferença entre as escolas que recebem apenas do Estado e aquelas que recebem do Estado e as propinas, beneficiando os que têm meios económicos para suportar as propinas, pois com mais dinheiro as escolas têm mais e nelhores meios do que as públicas. Digo eu, que não entendo nada disto...
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Adenda: ler o Eduardo Pitta. Certeiro.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Desconhecimento da Lei?

Ao tomar conhecimento destas declarações da Dra. Cândida Almeida, sou obrigado a perguntar: será que a Sra. Procuradora é mesmo Magistrada? Será que já leu o Código de Processo Penal, nomeadamente o Título III (meios de obtenção de prova)? Será que sabe o que diz? Ou será apenas uma branca do que aprendeu no curso de Direito e no CEJ?

Alzheimer colectiva

Há dias soube-se que Cavaco Silva estava "integrado" no regime salazarista, o que só espanta os mais distraídos. Nunca gostou de usar cravo na lapela, sempre ficou mal-disposto no 25 de Abril, enquanto Primeiro-Ministro dava ordens para que em todas as manifestações, por muito pacíficas que fossem, as forças de intervenção investissem sobre os manifestantes, demonstrando uma enorme intolerância pela opinião contrária e alergia à liberdade de expressão. Isto para além de ter governado a favor dos amigos, que os biliões de euros em subsídios europeus ajudaram e em prejuízo dos mais carenciados. Não estranha que venha agora, com lágrimas de crocodilos e em vésperas de eleições, falar em pobreza, quando dados oficiais mostram que foi no seu tempo de PM que mais aumentou o número de pobres em Portugal.
A sua falta de categoria enquanto político era tão gritante que, um ano depois do seu pupilo Fernando Nogueira ser enxovalhado nas urnas por Guterres, ainda tentou ganhar a Presidência. Os portugueses, ainda revoltados com a sua actuação no Governo, mostraram-lhe um manguito e votaram em Sampaio. Conhecidos os resultados, os microfones das tv's e rádios transmitiam as palavras de portugueses que comemoravam os resultados: "Em quem votou?" atirava o jornalista, "Contra o Cavaco" devolvia o cidadão anónimo.

Volvidos dez anos, Cavaco voltou para nova tentativa de conquistar o poder presidencial e, graças ao alzheimer dos eleitores e à falta de um candidato credível e capaz, conseguiu o que ambicionava. E em apenas um mandato, cometeu mais asneiras que Eanes, Soares e Sampaio juntos em trinta anos, tendo sido o vergonhoso Belémgate justa causa (ou motivo atendivel) para despedimento, ou seja, impeachment. Mas não. Com a preciosa ajuda dos media, que se comportam como se ele fosse uma vaca sagrada, lá foi seguindo em frente, apesar do lucro com as acções da SLN e do escândalo do BPN. Ou a viagem à Capadócia, paga pelos contribuintes, um sonho antigo da sua Maria que aproveitou para lá fazer umas compritas para os netos...

Tivesse sido Sócrates, as notícias e a atitude dos jornalistas teriam sido muito diferentes, mas como foi Cavaco, a sua boa imagem foi preservada e passou incólume aos olhos do cidaddão comum, que não lê jornais, colunas de opinião nem blogues e apenas "engole" o que os noticiários lhes dão de comer. As sondagens aí estão para quem as queira ver. Os números não correspondem às intenções de voto mas apenas à percentagem da população portuguesa que sofre de alzheimer. Aguda.

domingo, 12 de dezembro de 2010

Colisão de direitos (2)

Ainda sobre a discussão em torno da colisão entre a liberdade de expressão e informação e o direito ao bom nome, vale a pena ler Fernanda Palma. Está lá tudo.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Colisão de direitos

Ontem tinha prometido voltar ao assunto da colisão de direitos e ao entendimento do TEDH em relação à liberdade de expressão e informação, que é contrário à nossa Jurisprudência, nomeadamente ao STJ.
Toquei neste assunto a propósito deste post do Pedro Correia, a que fiz referência. Ainda ontem tinha deixado a minha posição sobre esta matéria na caixa de comentários do post, mas deixo aqui algumas notas, completando o que ali escrevi.

Antes de mais, há que limitar o âmbito da discussão. Em causa está uma colisão entre, de um lado, o direito à liberdade de expressão e de informação e, do outro, o direito ao bom nome. Enquanto o STJ tem entendido que o direito ao bom nome prevalece sobre a liberdade de expressão e de informação, o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem defende que este encontra-se num patamar superior ao bom nome. Ora, tal como ainda ontem referi, considero que, tal como Rui Rangel (e não Paulo Rangel, como escrevi por lapso), ambos os direitos se encontram no mesmo patamar jurídico, nomeadamente constitucional. Ou seja, defendo que o bom nome e a liberdade de expressão são direitos igualmente importantes, pelo que, existindo conflito entre eles, teremos que decidir qual prevalecerá atendendo às circunstâncias concretas de cada caso e não estabalecer, desde logo, um princípio, uma regra geral, que se aplicará quase automaticamente.

Historicamente, estes dois direitos tiveram pesos e graus de importância e relevância diferentes. Já houve um tempo, nomeadamente no nosso país e até mesmo na Europa, em que, após um período de opressão e censura (Estado Novo e Nazismo), se deu ainda mais importância à liberdade de expressão. Por outro lado, nos últimos anos o direito ao bom nome tem acrescido o seu grau de relevância, pois, com a massificação dos media e a internet, as violações a este direito aumentaram exponencialmente. Logo, tornou-se natural que se tivesse passado a valorar mais este direito. Sempre foi assim e sempre será, pois em cada período da História teremos sempre prioridades, que poderão mudar conforme as circunstâncias.
Ora, tornou-se assim natural que a Convenção dos Direitos do Homem acabasse por dar mais importância à liberdade de expressão do que ao bom nome e à honra e reputação. Não espanta, pois, que o TEDH tenha adoptado este entendimento. Porém, discordo.

Por último, convém deixar mais dois apontamentos. O primeiro prende-se com a minha posição. Não concordo nem com o entendimento do TEDH nem com a posição do STJ. Entendo, como já referi, que um direito não prevalece sobre o outro. Existindo colisão, a balança penderá para um dos lados conforme o caso concreto e as circunstâncias particulares em cada momento. Não podemos, assim, estabelecer uma regra, um princípio, pois se optarmos por beneficiar um dos dois direitos acabaremos por, utilizando uma expressão de Rui Rangel, esmagar o outro direito e, na prática, anular a sua relevância constitucional. O segundo está relacionado com um exemplo prático: imaginemos que eu aqui escrevia algo como "A pessoa X é incompetente no cargo que exerce e a pessoa Y é um corrupto." Será que estas duas considerações, ou alguma delas, são admissíveis, à luz do entendimento do TEDH? Deixo a resposta para vocês...

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Notas rápidas

1. Mais um exemplo do porquê deste país não sair da cepa torta.

2. Para quem tem memória curta, vale a pena recordar (via Sorumbático). E perguntar: onde estão os jornalistas deste país, sobretudo os "de investigação"? E o Paulo Pinto Mascarenhas, sempre tão zeloso a tentar descobrir "podres" sobre o Sócrates?

3. Discordo do Pedro, pelas razões invocadas pelo Desembargador Paulo Rangel (via Blasfémias). Não há direitos absolutos. Pela complexidade e importância da matéria, amanhã, com mais tempo, desenvolverei o assunto.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Destino fatal

É inegável que as arbitragens do início da época - e que rapidamente cairão no esquecimento - bem como a manifesta falta de sorte contribuiram para o actual estado do Benfica, pois desmoralizam qualquer equipe, mas há qualquer coisa no aspecto mental que despoletou este péssimo momento e que se viu, desde logo, na Supertaça com uma exibição medíocre, após vitórias na pré-época bem conseguidas. Fala-se na atitude dos jogadores, mas creio que o problema é bem mais grave e bem mais generalizado. Apesar da derrota, seguem para a Liga Europa, graças aos franceses do Lyon. Bem lhes podem agradecer. Mas, a jogar assim, não merecem ganhar nada. E a continuar assim, correm o sério risco de "contrair" uma crise igual ao do Sporting...

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Factos

Factos são factos. Mesmo com menos três pontos do que na época passada por esta altura, o Benfica estaria agora em primeiro lugar, não fossem os erros de arbitragem. Mesmo a jogar mal, mesmo com todas as crises, reais ou inventadas pela comunicação social, mesmo sem Di María e Ramires, o Benfica continuaria líder. Isto, claro, se não tivesse sido escandalosamente prejudicado nas primeiras jornadas (em que o jogo de Guimarães foi o expoente máximo da roubalheira) e o Porto ajudado, como ainda há pouco foi. O penalty que dá a vitória é vergonhoso e só possível neste país de brandos costumes e de total impunidade. Sim, porque a memória é curta e muita gente já se esqueceu das primeiras jornadas, dos penalties (dois em apenas em 5 segundos) de Álvaro Pereira perdoados, ou a mão de Rolando. Mas continuem assim, com o futebol português à beira da falência (há quem perceba a inevitabilidade deste desfecho e já sugira a fusão com o campeonato espanhol, para ver se se safa) e, quais violistas do Titanic, a assobiar para o lado.
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Adenda: adoraria ver se o Porto jogaria tão "bem" e o Benfica tão "mal" se não tivesse havido erros e, consequentemente, estivessem trocados na classificação...

Que enorme surpresa!

A lista com os nomes dos clientes da suposta rede de prostituição - políticos, magistrados e outras figuras famosas - "desapareceu" do processo, na posse da PSP. Quem diria?!... Para além de quase ninguém comentar o caso nos media e na bloga - o que constitui outra enorme surpresa - agora desaparece a lista dos vip's. O DIAP vai investigar o desaparecimento de um documento que pode tramar colegas de profissão. À velocidade do costume. Tão lenta, que o alegado cabeçilha ainda não foi inquirido apesar de já ter dado entrevistas. Porque será que tenho a sensação que este desaparecimento veio sossegar muita gente e que não dará em nada?...

domingo, 5 de dezembro de 2010

Culpados

Nos dois posts anteriores deixei dois excelentes exemplos do porquê deste país não sair da cepa torta. Péssimos gestores e péssimo jornalismo. Antes de acusarem os governos pelo estado do país, lembrem-se de que não são os únicos culpados.

A sarjeta

Há semanas tinha aqui deixado a minha opinião sobre o Correio da Manhã e o tipo de actividade que se pratica naquela casa - algo a que alguns chamam de "jornalismo". Fi-lo a propósito do tratamento que fazem dos casos judiciais, mas a falta de ética é generalizada a todos os temas. Há muito que é sabido que a Cofina, grupo que detém o CM e o Record*, tem uma clara preferência pelo Sporting e que aproveita todas as oportunidades para tentar desestabilizar o Benfica. Seja nas sucessivas notícias de jogadores contratados ou em observação pelo Benfica (às dezenas em cada período de transferências), seja pelas notícias inventadas. À custa de alegadas "fontes" (que toda a gente sabe não existirem, pois trata-se, somente, de uma maneira de legitimar a especulação), publicam "informação" falsa. Hoje voltaram à sua costumeira prática. Isto, repito, não é jornalismo. Chamem-lhe de tudo, desde especulação, adivinhação, conversa de café, wishful thinking, mas jornalismo não. Jornalismo é uma actividade séria, com regras, ética, rigor e isenção. O que o CM pratica nada disto tem.
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* Por falar no Record, o jornal desportivo traz também hoje mais uma notícia manipulada.

O negócio da electricidade

Há dias li este post sobre a EDP e o negócio da electricidade em Portugal, já antes abordado pelo João Carvalho. O texto linkava para uma petição da Deco, que chamava a atenção dos consumidores para uma realidade tipicamente portuguesa: o lucro fácil pelos poderosos, à conta, pois claro, do zé povinho.
Os preços, exploratórios e exagerados (nomeadamente se comparados com os praticados no resto da UE), até seriam compreensíveis se o serviço prestado fosse de excelência. Ora, como é sabido, o serviço está muito longe de ter os mínimos de qualidade exigíveis. Ou seja, pagamos bastante por um serviço medíocre, como ainda hoje ficou patente com umas rajadas de vento mais fortes e trovoada. Não se passasse isto em Portugal e já se teria exigido ou reduções nas facturas dos consumidores ou melhorias no serviço. Mas como é por terras lusas, os administradores, com Mexia à cabeça, metem milhões no bolsos à custa desta miserável exploração do zé povinho e a EDP lucra mais de mil milhões de euros. Repito: à nossa custa. E ainda há quem se admire pelo facto de o governo, em conluio com o PSD, admitir excepções aos cortes nos salários nos cargos públicos. Pudera! Quem manda neste país é esta gente.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Conta simples

Amanhã à tarde ficaremos a saber se iremos organizar, juntamente com a Espanha, um Mundial de futebol. Ora, parece que há quem seja contra, invocando, para o efeito, o argumento financeiro, de que teremos prejuízo. Ora, com todo o respeito, isto só pode ser ignorância. Se o investimento já foi feito com o Euro 2004 - e aí sim, tivémos um investimento que se traduziu em prejuízo - com o Mundial teremos o retorno. A partir do momento em que os estádios já estão construídos, os gastos serão insignificantes, logo há que os aproveitar. O retorno poderá ascender a mil milhões de euros, pelo que não organizar o Mundial é deitar fora uma oportunidade única de fazer um encaixe financeiro bastante considerável. Isto já para não falar dos efeitos secundários, como a promoção da marca Portugal... Não entender isto é não saber fazer uma conta simples como dois mais dois.

(imagem retirada daqui, via CC)